Se isto é arte


12 de agosto de 2022

Street Art é a definição utilizada para compreender aquelas formas de expressão que se manifestam em locais públicos. 

Este fenómeno é frequentemente rotulado como ato de vandalismo porque os suportes utilizados são, na sua maioria, os meios de transporte e os edifícios públicos.

Contudo, existe uma diferença: a fronteira entre arte e vandalismo, entre beleza e ilegalidade foi indicada vezes sem conta por artistas de renome mundial como Haring e Basquiat, considerados os pais dos primeiros graffitis que apareceram, em finais da década de '60, nas paredes do bairro de East Village, em Nova Iorque.

Os seus desenhos e palavras eram o espelho da sociedade e lançavam mensagens que induziam a reflexões profundas.

Do outro lado, temos uma espécie de incontinentes gráficos que sujam as paredes para a sua raiva ocupar um espaço público e ser impingida aos olhos de quem passa. 

Frequentemente o património arquitetónico e as fachadas das habitações são salpicados por desenhos e escritas de escasso valor emotivo e de várias obscenidades. 

A deturpação é tal que, devido às substâncias utilizadas, a integridade estrutural dos edifícios pode sair prejudicada.

As fachadas e as portas das casas do Bairro Ribeirinho, além de serem regadas diariamente com vómitos e urina, não escapam a esta incontinência gráfica e tanto os moradores, como os turistas que nos visitam, são expostos a mais uma forma de violência, desta feita a visual.

Sermos donos de um pincel, de uma caneta ou de uma lata de tinta spray será suficiente para nos definirmos como "artistas"?

Embora o número crescente de autointitulados artistas circule por aqui, não nos parece!

É legítimo utilizar as paredes das nossas casas e dos nossos edifícios públicos como se fossem uma tela em branco para "apontar" abortos de pensamentos, hipóteses de ideias, vertigens alcoólicas ou psicotrópicas, marcações de locais para assaltar, casas devolutas para ocupar ou sítios onde comprar drogas?

Também não nos parece!

E como neste museu ao ar livre que é o Bairro Ribeirinho "não queremos que nada falte", até conseguimos importar um neologismo dos USA: shoefiti, um termo que nasce da união das palavras "shoe" (do inglês, sapato) e graffiti, e que define uma prática que sinaliza um local de venda de droga ou um território gerido por gangues ligados ao tráfico de estupefacientes.

Encontra-se em "exposição" permanente na Rua da Madalena...É normal sermos assaltados, juntamente com quem nos visita, por estas manchas disformes e aleatórias de tintas pretas, vermelhas, prateadas, como se estivéssemos a circular no mais esquecido dos subúrbios ou ao lado dos pilares de um viaduto de uma periferia qualquer de uma grande cidade?

Mais uma vez, não nos parece!

O que diriam o Basquiat, o Haring ou até o "pobre" do Pollock se pudessem passear por aqui?

Com quais palavras o Banksy ou os portugueses Ozearv e Vhils classificariam o que para nós não é um espelho da sociedade entendida como um todo, mas apenas vandalismo de alguns, gestos irrefletidos que não induzem a reflexão nenhuma?

Se isto é arte, não nos parece!

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