Vozes do Bairro – José Bivar

27 de agosto de 2022

No âmbito da secção "Vozes do Bairro" e com o intuito de recuperar uma identidade perdida, demos voz a um artista plástico, a um cidadão do mundo que conhece muito bem o Bairro Ribeirinho.

José Bivar, um nome como muitos, mas um apelido que se sobrepõe preponderantemente à própria data de nascimento e que nos catapulta a 1043, a El Cid Campeador, ao Cavaleiro Antigo armado de Espada e Cruz, ao primeiro herói da história da literatura europeia.

O mesmo apelido que entra em Portugal na época dos Avis, do rei D. Afonso V e cavalga os tempos marcando a história política, científica e artística nos séculos XVIII, XIX e XX (já na dinastia de Bragança).

Aqui inscrevem-se diversos patrimónios (hoje classificados), um nome comum que, desta feita, subentende um título, o Conselheiro, e uma porção da cidade de Faro a que hoje chamamos de Bairro Ribeirinho.

Espreitando as notícias acerca da sua fascinante biografia, e por estar visceralmente ligado a esta região enquanto atento e irreverente promotor cultural, podemos afirmar que o Bivar de hoje, o José Bivar que nasceu a 13 de maio de 1953 é o Cavaleiro Moderno, armado de Algarve e Cultura.

No alvoroço da tarde da Rua do Conselheiro, conduzidos por um Cícero afável, percorremos os séculos, os edifícios, as ruas plenas de gentes num rodopio entre o ontem, o hoje e o amanhã.

Os laços que ligam o José Bivar ao Algarve são ancestrais: Portimão, Faro, Bela Mandil, a Rua do Conselheiro com o palácio dos antepassados, a Rua de São Pedro com a casa materna, a Rua do Prior com "Os Lábios Nus", a Bienal de Faro, a Cidade Velha com Almargem e a Carreira de Tiro com a galeria "BeTween"...

O denominador comum entre passado e presente é a cultura, uma "arma discreta e permanente", afirma o Cavaleiro Moderno, que identificou a sua família no passado e que não se despega do Bivar da atualidade.
"Passeando pelo Bairro Ribeirinho salta à vista o défice cultural do que estas ruas padecem, a descaracterização da alma que as torna um sítio híbrido e sem identidade, como os tantos onde se quis abraçar a cultura do «não-lugar», como se fosse um aeroporto", refere.

Segundo José Bivar, para combater o individualismo e a indiferença que geram o caos, seria necessário um "renascimento cultural" que fizesse dos tantos espaços devolutos espaços dedicados à arte e aos ofícios, que os caracterizasse como sendo únicos, nos quais as pessoas se sentissem integradas e participassem de um processo contínuo de ação educativa, onde os espaços comerciais tivessem regras que contemplassem a sustentabilidade e a ecologia.

Hoje, o Bairro Ribeirinho precisa de uma mudança de paradigma que só a cultura e os valores lhe poderão devolver para que, com brio e elegância, se consiga alcançar o equilíbrio perfeito entre a forma e o conteúdo.

Para terminar, José Bivar fez um exercício, "porque ser Bivar é continuidade pedagógica e cultural". Imaginou pintar um painel intitulado "Os Palácios do Bairro Ribeirinho": o sujeito seria um photoshop do património classificado, uma alegoria dos trajetos históricos, em que as cores escolhidas seriam claras, para criar uma luz forte que não produz sombras.

A Associação Bairro Ribeirinho agradece o Sr. José Bivar, pela amabilidade com que nos recebeu, pelas histórias de ontem e de hoje que nos contou e que poderão ser úteis para o futuro.

Um Bem Haja, Cavaleiro Moderno e Discreto, armado de Algarve e Cultura!

Testemunhos visíveis

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