Património e Gatafunhos

29 de julho de 2022

No gaveto da antiga Rua do Zambujeiro, hoje Rua do Compromisso, e da Rua de São Pedro, surge a Casa do Compromisso Marítimo, reconstruída em 1709.

O projeto foi entregue a um dos mais prestigiados mestres pedreiros algarvios da época: Inácio Mendes.

O edifício de dois pisos, com beirado saliente e telhados de tesoura, representa um bom exemplo do estilo "Chão", uma expressão artística portuguesa do século XVII caracterizada pela escolha de proporções áureas, geometrias clássicas e volumetrias compactas e pelos paralelepípedos retângulos das construções a conferir um aspeto fortificado.

Se no piso térreo destacam-se dois arcos de volta perfeita que pertenciam ao "açougue" (o local onde se matavam os animais e se vendia a carne), na fachada principal evidencia-se um nicho com a estátua de S. Pedro Gonçalves Telmo, também conhecido como Santelmo, o santo padroeiro "dos homens do mar e dos barqueiros".

Os Compromissos Marítimos eram associações de leigos que, livremente, se comprometiam a cumprir as normas associativas consignadas por escrito (os compromissos).

A função principal era a de prestar auxílio, mútuo socorro médico, económico e religioso aos mareantes, às famílias destes e aos demais profissionais ligados ao mar... "para cujos fundos, todos concorrem com partes dos seus lucros, quer sejam da pesca, quer de viagens"...

E até aqui rezou a História.

Hoje o edifício pertence ao Centro Regional da Segurança Social.

E hoje, infelizmente, as imagens gritam em surdina por um pedido de ajuda, por um compromisso sério com a lei que salvaguarda o património.

A Lei de Bases do Património Cultural nº 36/2021 de 14/06, na sua versão mais recente, "visa assegurar a proteção, a valorização do património e a efetivação do direito à cultura e à sua fruição, e a realização dos demais valores e tarefas impostos pela Constituição e pelo DireitoInternacional".

Não se pode, nem se deve deixar que a Memória, a Antiguidade, a Autenticidade, a Originalidade, a Raridade, a Singularidade e a Exemplaridade sejam sufocadas e ultrajadas por rascunhos e gatafunhos de provável expressão de raiva extemporânea.

Sobre estes gatafunhos não reza, nem nunca rezará a História, a não ser para exemplificar os conceitos de barbaridade e degradação.

Haja Compromisso!

Devemo-lo ao passado, ao presente e ao futuro.

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